Após a derrota em Buenos Aires, Milei persiste na agenda liberal, ao mesmo tempo em que o peronismo ganha força

A derrota do partido do presidente da Argentina, Javier Milei, nas eleições da província de Buenos Aires, no domingo (7), representou um revés importante para o governo. Em entrevista ao Conexão BdF, da Rádio Brasil de Fato, a jornalista internacional Carla Perelló ressalta que o resultado surpreendeu inclusive setores do peronismo, que se articulou nos últimos meses para alcançar a vitória.

As eleições foram um resultado que não estávamos esperando, mas que o peronismo também ficou trabalhando muito nesses últimos dias, nos últimos meses, para conseguir essa vitória, afirma. O peronismo, principal força de oposição no país, é um movimento político argentino inspirado no ex-presidente Juan Domingo Perón, com base em pautas sociais e trabalhistas.

O atual governador de Buenos Aires, Axel Kicillof, do partido Força Patrias, que representa o peronismo de centro-esquerda, foi reeleito com 47,3% dos votos. Ele obteve mais votos que a chapa do partido de Milei, La Libertad Avanza (LLA), liderada por Alejandro Speroni e María Celeste Arouxet, que alcançou 33,7%. A legenda do presidente conquistou apenas duas das dez eleições provinciais realizadas neste ano.

O incidente ocorre em razão de acusações de corrupção que incluem pessoas próximas ao presidente, como sua irmã e secretária da presidência, Karina Milei.

Ainda assim, o presidente anunciou que não alteraria sua linha política. “Milei reconheceu a derrota, disse que faria uma autocrítica, mas também afirmou que o rumo do governo não seria modificado”, relata Perelló.

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Resultado expressivo para o governo.

De acordo com Perelló, a derrota possui impacto político estratégico devido à concentração da província em aproximadamente 40% da população do país. “É uma das mais politicamente influentes também nas eleições. Por isso, daqui para frente, para as eleições legislativas nacionais, que se trata de uma derrota muito forte para o governo do Milei”, explica.

Para a jornalista, o governador Axel Kicillof saiu fortalecido. “Com certeza ele foi um dos grandes ganhadores da noite”, avalia, lembrando que o gestor decidiu realizar a eleição provincial em uma data distinta das nacionais, o que lhe permitiu disputar município por município com apoio de lideranças locais peronistas.

Bancas no parlamento.

Apesar da perda, a articulação entre Milei e o partido do ex-presidente Mauricio Macri possibilitou o aumento da representatividade da La Libertad Avanza na legislatura da província de Buenos Aires. Essa tendência pode se repetir nas eleições nacionais de outubro.

O desafio atual, segundo Perelló, reside na oposição. “O desafio real do peronismo é justamente garantir que o governo do Milei não consiga que essas bancadas [no parlamento] sejam ainda maiores. Isso é um dos principais desafios para o Milei não conseguir aprovar as leis que ele precisa para suas políticas”, afirma.

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Fonte por: Brasil de Fato