Pais e ativistas reagem à proibição mundial de redes sociais para menores de 16 anos na Austrália. Pai de vítima de suicídio relata tristeza e frustração. Governo trabalhista celebra vitória política
Um marco histórico foi alcançado na Austrália com a implementação da primeira proibição mundial de redes sociais para menores de 16 anos. O evento, que ocorreu na residência oficial do primeiro-ministro em Sydney, reuniu pais que perderam filhos vítimas de suicídio, em grande parte relacionados a golpes e extorsão sexual nas redes sociais.
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Wayne Holdsworth, pai de Mac, que cometeu suicídio aos 17 anos após ser vítima de um golpe online, expressou sua tristeza e frustração: “É muito triste. Eu não deveria estar aqui porque ele deveria ter sido protegido”, disse à CNN. A proibição representa uma resposta urgente a uma crise social crescente, impulsionada por preocupações sobre o impacto das plataformas de mídia social na saúde mental dos jovens.
O governo trabalhista australiano considera a proibição uma vitória política significativa, que atrai atenção internacional e posiciona o país na vanguarda de um movimento global para controlar o acesso e a influência das plataformas de mídia social.
O primeiro-ministro Anthony Albanese destacou a responsabilidade do governo em responder aos apelos dos pais e à crescente demanda dos jovens por proteção: “Sabemos que está havendo danos sociais e, portanto, temos a responsabilidade como governo de responder aos apelos dos pais e também à campanha dos jovens que dizem: deixem-nos ser apenas crianças”, afirmou.
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A implementação da proibição envolve multas multimilionárias para empresas de tecnologia que não tomarem medidas para proteger crianças das redes sociais. Plataformas como Instagram, Snapchat e TikTok suspenderam ou excluíram contas de menores de 16 anos.
Embora o governo preveja desafios na implementação, as autoridades continuam monitorando usuários e removendo menores de 16 anos das plataformas, caso necessário.
Apesar da importância da medida, alguns especialistas questionam sua eficácia. Tama Leaver, professor de Estudos da Internet na Universidade Curtin, argumenta que a proibição não aborda o cyberbullying, um problema social mais amplo: “Foi extremamente superestimada”, disse Leaver. “É pioneira mundialmente (a lei), mas também é pioneira porque grande parte do mundo reconhece que as ferramentas para fazer isso ainda não funcionam realmente”, acrescentou.
A proibição australiana foi influenciada pelo livro “A Geração Ansiosa”, do psicólogo social americano Jonathan Haidt, publicado em março de 2024. O livro gerou um debate global sobre o impacto das redes sociais na saúde mental dos jovens. A esposa do premiê da Austrália do Sul, Peter Malinauskas, leu o livro e compartilhou seu resumo com o marido, que então encomendou um projeto de lei sobre possíveis soluções.
O governo australiano acredita que a legislação sobre redes sociais pode estabelecer um padrão mundial, como fez com as leis de armas nos anos 1990. A Suprema Corte australiana ouvirá argumentos sobre o impacto da proibição nas liberdades dos jovens.
Além disso, as plataformas podem entrar com ações judiciais para combater a proibição. O governo planeja aumentar a lista de sites proibidos e monitorar as plataformas regularmente.
Wayne Holdsworth defende a necessidade de educar crianças menores de 16 anos sobre os riscos online antes de terem acesso às redes sociais. Ele acredita que a proibição representa uma oportunidade de proteger os jovens e garantir que eles estejam preparados para lidar com os desafios do mundo digital.
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