Painel na AgriZone debate: o que aconteceria sem vacas? Projeto Alltech explora dados globais e o papel da pecuária no Brasil, com foco em produtores de diferentes portes
Um painel realizado na AgriZone, na Casa Sustentável da Embrapa em Belém, explorou uma questão instigante: o que aconteceria se o mundo não tivesse mais vacas. A discussão foi impulsionada pelo documentário “World Without Cows”, um projeto global da Alltech que mapeou histórias de pecuaristas em 20 países e 40 localidades, incluindo uma versão específica sobre o Brasil, apresentada na COP30.
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
A sessão começou com a exibição de “World Without Cows Brazil: The Battle for Balance”, que focava no dia a dia de produtores da região amazônica, com propriedades de diferentes tamanhos: 78 hectares, 4.800 hectares e 34.000 hectares. O objetivo era analisar a produtividade, o uso da terra e a relação entre a pecuária e o clima.
Clodys Menacho, diretora comercial da Alltech, explicou que o projeto visava promover uma conversa menos polarizada sobre o papel da pecuária. A intenção era apresentar dados científicos, combater a desinformação e colocar o produtor no centro da discussão, demonstrando como a atividade está ligada à segurança alimentar, ao emprego e à cultura.
Dados da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) revelam que o rebanho global de bovinos é de aproximadamente 1,5 bilhão de animais. A FAO também aponta que a produção pecuária emprega pelo menos 1,3 bilhão de pessoas em todo o mundo, sendo que cerca de 600 milhões de domicílios mais pobres dependem da pecuária como fonte essencial de renda.
Em abril, Mark Lyons, CEO global da Alltech e idealizador do documentário, compartilhou a história da iniciativa, que se desenvolveu ao longo de seis anos. Ele percebeu que narrativas negativas sobre a pecuária dominavam os debates em grandes eventos midiáticos, enquanto o setor permanecia pouco articulado na comunicação.
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
Lyons propôs usar o cinema para discutir a pergunta “estaríamos melhor em um mundo sem vacas”, utilizando fatos concretos, pessoas reais e ciência.
A equipe da Alltech percorreu mais de 40 locais em países como Brasil, Chile, Alemanha, Índia, Quênia, Holanda, Singapura, Reino Unido e Estados Unidos, para mostrar o impacto do gado nas mudanças climáticas, no futuro da alimentação e nas consequências econômicas e sociais de uma possível retirada da atividade da pecuária.
Dados apresentados no painel indicam que cerca de 5 milhões de produtores rurais brasileiros criam bovinos. Destes, 75% são pequenos e médios, responsáveis por 30% do rebanho nacional. O Brasil possui o segundo maior rebanho do mundo, o que o coloca no centro do debate sobre emissões, uso da terra e oferta global de proteína animal.
Mark Lyons afirmou que o Brasil tende a ocupar um papel central nessa transformação, devido à dimensão do rebanho e à combinação de tecnologia, produtividade e legislação ambiental. Ele também indicou que a Alltech pretende ampliar projetos no país, considerando o mercado brasileiro como prioridade para os próximos anos.
A discussão ganhou uma dimensão internacional com a presença de Lily Tanui, gestora de projetos e líder climática da Federação Nacional dos Agricultores do Quênia. Ela descreveu a pecuária queniana como atividade multifuncional, que combina renda, alimento, simbolismo social e identidade de comunidades inteiras.
Tanui defendeu mais investimentos em produção sustentável e comunicação que permita aos próprios produtores contar suas histórias.
Autor(a):
Responsável pela produção, revisão e publicação de matérias jornalísticas no portal, com foco em qualidade editorial, veracidade das informações e atualizações em tempo real.
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
Fique por dentro das últimas notícias em tempo real!