Alexandre Padilha afirma: “Ninguém vai baixar a cabeça”, após os EUA cancelarem visto de sua esposa e filha
Os Estados Unidos informaram a família sobre o cancelamento na manhã da sexta-feira (15) após a imposição de sanções à Mais Médicos.

O governo dos Estados Unidos cancelou o visto da esposa e da filha de 10 anos do ministro da Saúde, Alexandre Padilha. Nesta sexta-feira (15), a família recebeu a notícia por meio de comunicado do Consulado Geral dos Estados Unidos em São Paulo, que declarou a inelegibilidade delas para a emissão do visto.
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O ministro, por sua vez, possuía o visto vencido desde o ano anterior, além de estar impedido de receber autorização para entrar em território dos Estados Unidos. O governo dos EUA iniciou, nesta semana, uma ofensiva contra o programa Mais Médicos, do governo federal, devido à parceria com o governo cubano. Padilha também era ministro quando o programa foi criado, em 2013, no governo da ex-presidente Dilma Rousseff.
Em entrevista à GloboNews, na tarde desta sexta-feira, ele afirmou estar “indignado” com a sanção do governo estadunidense. “É uma atitude de covardia, um ato covarde que atinge uma criança de 10 anos de idade, que atinge a minha esposa. E as pessoas que fazem isso, e o ex-presidente Bolsonaro que orquestra isso, têm que explicar, não para mim, nem só para o Brasil, para o mundo inteiro, qual o risco de uma criança de 10 anos de idade pode ter para o governo americano. Eu estou absolutamente indignado com essa atitude covarde”, declarou o ministro, que ainda defendeu o Mais Médicos.
Tenho muito orgulho da criação e do que se tornou o programa Mais Médicos. Atualmente, o programa conta com o dobro de médicos em relação ao momento da sua criação e é composto por mais de 95% de médicos brasileiros e médicas. Padilha afirmou que não existe país onde um governo federal coloque 28 mil médicos e médicas nas unidades básicas de saúde das cidades mais remotas e na periferia das cidades.
Durante a entrevista, o ministro criticou o governo de Donald Trump por sua política de “perseguição” à ciência. “Trump ataca e persegue quem defende a saúde, a ciência, desde o início do seu governo. Ele persegue pesquisadores norte-americanos que estão desenvolvendo vacinas nos Estados Unidos, cortou recursos das universidades, abandonou a Organização Mundial da Saúde, atacando a OMS, e retirou fundos de desenvolvimento de vacinas”, enumerou o ministro.
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Ninguém irá baixar a cabeça, nem se submeter a essas atitudes absurdas do governo Trump, muito menos do escritório de lobby da traição do clã bolsonarista lá nos Estados Unidos.
EUA visam no programa Mais Médicos para atacar o Brasil.
Na quarta-feira (13), o Departamento de Estado dos Estados Unidos já havia anunciado a revogação dos vistos de Mozart Júlio Tabosa Sales, atual secretário de Atenção Especializada à Saúde do Ministério da Saúde, e de Alberto Kleiman, ex-funcionário do governo brasileiro, “por sua cumplicidade” com o programa Mais Médicos.
Na ocasião, o ministro Alexandre Padilha também reagiu à medida do governo de Donald Trump. “Não nos curvaremos a quem persegue as vacinas, os pesquisadores, a ciência e, agora, duas das pessoas fundamentais para o Mais Médicos na minha primeira gestão como Ministro da Saúde, Mozart Sales e Alberto Kleiman”, escreveu em sua conta na rede X.
Lula se manifesta e apoia Mais Médicos e Cuba.
Em Pernambuco, na quarta-feira (14), o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), defendeu os trabalhadores sancionados e Cuba, citando o bloqueio ilegal imposto pelos Estados Unidos contra a ilha, que persiste há 70 anos.
O presidente afirmou que a acusação contra Mozart ocorreu devido à relação com Cuba, e ressaltou a importância de que eles compreendam que a nossa relação com Cuba é uma relação de respeito a um povo que está sendo vítima de um bloqueio há 70 anos.
“Os Estados Unidos fizeram uma guerra, perderam. Aceite que perdeu e deixe os cubanos viverem em paz, deixe os cubanos viver a sua vida. Não fiquem querendo mandar no mundo”, afirmou Lula, exaltando o papel do programa Mais Médicos na ampliação do acesso à saúde no Brasil.
O presidente afirmou que existe uma parcela elitista na saúde do país que acredita que não há falta de médicos. Os prefeitos reconhecem a escassez, e alguns não conseguem pagar os salários dos médicos devido à falta de interesse em trabalhar em cidades pequenas, considerando a possibilidade de atendimento na capital.
O programa Mais Médicos alcançou, em seu ápice, mais de 18 mil médicos, incluindo profissionais cubanos, em aproximadamente mil municípios, bairros e distritos sanitários indígenas com déficit de profissionais de saúde, assegurando atendimento a quase 63 milhões de pessoas. Sob o governo de extrema direita de Jair Bolsonaro (PL), o programa foi renomeado como Médicos pelo Brasil. Em 2023, com a chegada do governo Lula 3, retomou o título original.
Fonte por: Brasil de Fato