Alemanha prepara plano estratégico para conflito com Rússia e investe em defesa

Alemanha aprimora plano militar em resposta a ameaças, com foco em preparação para conflito com Rússia. O OPLAN DEU, de 1.200 páginas, busca fortalecer a defesa nacional e garantir a mobilização de tropas da OTAN

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(Imagem de reprodução da internet).

Alemanha Desenvolve Plano Estratégico para Preparação a Possível Conflito

A Alemanha está implementando um extenso esforço militar, um dos maiores de sua história recente, visando se preparar para um eventual conflito com a Rússia. O plano estratégico, denominado OPLAN DEU, foi elaborado em sigilo por oficiais de alta patente na Base Julius Leber, em Berlim, e possui 1.200 páginas.

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A iniciativa busca reconstruir uma lógica de defesa com ampla participação do Estado, do setor privado e de estruturas civis, similar ao período da Guerra Fria, adaptada às ameaças atuais, como sabotagem, fragilidade da infraestrutura e legislação inadequada para tempos de tensão.

Logística e Rotas de Deslocamento

O foco principal do plano é garantir que, em caso de ataque russo, até 800.000 militares alemães, norte-americanos e de outros aliados da Organização do Tratado do Atlântico-Norte (OTAN) consigam cruzar o país rumo ao leste. A topografia europeia, com os Alpes como barreira ao sul, torna o país um corredor inevitável de deslocamento.

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O plano detalha rotas, portos, ferrovias, estradas e procedimentos de proteção de comboios.

Desafios e Revisões do Plano

Exercícios realizados no outono europeu revelaram falhas no planejamento inicial. Um acampamento de campo para 500 soldados, montado em 14 dias pela Rheinmetall, contratada para apoiar a logística da operação, apresentou problemas como terreno inadequado e fragmentação, exigindo transporte constante de militares.

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Essas falhas são incorporadas em revisões sucessivas do OPLAN, que já está na segunda versão. O maior obstáculo, segundo as autoridades, não está em equipamentos, mas em regras e costumes.

Vulnerabilidades e Imprevistos

A Alemanha desmontou parte de sua infraestrutura militarizada após a Guerra Fria. Trechos especiais de estradas que serviriam de pistas de pouso foram abandonados, e túneis e pontes construídos nas últimas décadas não comportam comboios pesados.

Estimativas oficiais indicam que 20% das autoestradas e mais de 25% das pontes precisam de reparos. Portos do Mar do Norte e do Báltico exigem investimentos de 15 bilhões de euros para garantir operações em caso de conflito. Gargalos logísticos são considerados segredo de Estado.

Um episódio em fevereiro de 2024, em que um navio cargueiro atingiu uma ponte ferroviária no norte do país, interrompendo o acesso ao porto de Nordenham, expôs a fragilidade de pontos críticos.

Contexto e Avaliação de Ameaças

O trabalho para colocar o país em posição defensiva começou logo após o anúncio do chanceler Olaf Scholz em 2022, que anunciou um fundo de 100 bilhões de euros para reforçar as forças armadas e descreveu o momento como uma “zeitenwende” – um ponto de virada.

Desde então, o comando territorial da Bundeswehr ampliou a coordenação com hospitais, polícia, agências de emergência e operadoras de infraestrutura. Em setembro, um exercício Red Storm Bravo simulou a chegada de 500 soldados da Otan no porto de Hamburgo, mas imprevistos como drones não identificados, bloqueios de manifestantes e falhas de coordenação atrasaram o comboio, que avançou apenas 10 km em horas de operação. “As ameaças são reais.

Não estamos em guerra, mas já não vivemos em tempos de paz”, declarou o chanceler Friedrich Merz em setembro.

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