Volatilidade geopolítica impacta agronegócio brasileiro em 2025. EUA, China e tarifas: Brasil enfrenta desafios e novas oportunidades. Investigação de salvaguarda na China sobre carne bovina gera preocupações
O ano de 2025 se apresentou como um período marcado por intensa volatilidade geopolítica, com potências reconfigurando suas posições no comércio internacional. A instabilidade, impulsionada por guerras em curso na Ucrânia e no Oriente Médio, tarifas comerciais e uma crise no multilateralismo, exigiu que o Brasil buscasse garantir segurança alimentar, matérias-primas e energia, navegando por um cenário complexo de interesses geopolíticos.
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O agronegócio brasileiro, em particular, enfrentou ameaças, mas também identificou oportunidades para um crescimento estratégico.
A política comercial do governo de Donald Trump, com a imposição de tarifas adicionais e ameaças de novas medidas, gerou um elemento de instabilidade no comércio com os Estados Unidos. Inicialmente, o Brasil ocupou a menor faixa de tarifas adicionais, juntamente com Austrália e Reino Unido, dentre os países do G20.
No entanto, a surpresa com tarifas extras de 40% transformou o país em um dos mais afetados, impactando setores como o de pescado, café, frutas, suco de laranja e carne. Apesar de ter ultrapassado a quota de exportação para os EUA em 2025, o impacto direto na carne bovina, que já havia sido exportada no ano anterior, gerava preocupações sobre o potencial prejuízo para vendas futuras.
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Enquanto as exportações para os Estados Unidos sofreram uma queda de 17,6%, as exportações para a China aumentaram 32,9%. A China se tornou um parceiro cada vez mais importante para o agronegócio brasileiro. No entanto, a dependência de um único mercado representava um risco.
As negociações tarifárias entre Estados Unidos e China, com a China sinalizando a compra de produtos agropecuários dos norte-americanos, gerava incertezas. A China também iniciou uma investigação de salvaguarda sobre a carne bovina, motivada pelo aumento de 106,28% nas importações chinesas no primeiro semestre de 2024, em comparação com o mesmo período de 2019.
Caso a investigação concluísse que houve dano à produção local, medidas temporárias poderiam ser aplicadas para limitar as importações, conforme previsto nos regulamentos da Organização Mundial do Comércio.
Apesar do cenário incerto, surgiram oportunidades. Países estavam mais abertos a negociações e à formação de novos acordos. A União Europeia, diante das dificuldades para implementar sua legislação de desmatamento (EUDR) e da possibilidade de novo adiamento, se viu compelida a reavaliar suas prioridades.
A assinatura final do acordo com o Mercosul, dividindo-o em um instrumento político e comercial para facilitar a aprovação interna, demonstrava o interesse europeu em avançar. Além disso, a ampliação do número de adidos agrícolas e a busca por novos mercados, como o Paquistão, alguns países africanos (Moçambique) e o EFTA, eram vistos como estratégias para diversificar a presença internacional do agronegócio brasileiro.
Em relação ao multilateralismo, a necessidade de reforma e fortalecimento do sistema internacional era evidente. A aprovação de uma declaração conjunta sobre a crise climática no G20, mesmo sem a presença marcante dos Estados Unidos, demonstrava a importância da cooperação entre múltiplos atores.
O momento internacional poderia ser favorável ao Brasil, com o governo e o setor privado agindo com estratégia, velocidade e visão de futuro, aproveitando cada oportunidade para consolidar uma presença global mais robusta e resiliente.
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