O Impacto do Sono na Adolescência e na Educação

Durante a fase da adolescência, que se estende aproximadamente entre os 12 e os 18 anos, o corpo e a mente dos indivíduos passam por transformações biológicas significativas. Essas mudanças incluem um crescimento acelerado, frequentemente chamado de “estirões”, e um atraso gradual na fase do sono.

Essa última alteração é um ponto crucial a ser considerado ao definir o horário de início das aulas. Desde o início da puberdade até o fim da adolescência, que se estende até os 19,5 anos para as mulheres e 21 anos para os homens, observa-se um atraso natural no momento em que o corpo começa a adormecer e a despertar.

Essa mudança fisiológica é determinada pela genética, com a adolescência se tornando a fase mais noturna da vida de um indivíduo. A partir do final dessa fase, o corpo começa a avançar gradualmente sua fase de sono, de modo que, após os 40 anos, a maioria das pessoas adormece e acorda em horários mais tardios.

Essa característica é fundamental para entender os desafios enfrentados pelos adolescentes em relação ao sono e à educação.

Consequências da Dessincronização do Sono

Quando o horário de início das aulas é muito cedo em relação à hora natural de acordar dos alunos, ocorre uma dessincronização entre o relógio interno do corpo e o relógio social. Essa diferença pode resultar em uma lacuna de cerca de duas horas no tempo total de sono entre os dias letivos e os fins de semana, afetando o relógio biológico dos estudantes.

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Pedir a um adolescente que acorde às 7 da manhã é como pedir aos seus pais que acordem às 4h ou 5h da manhã, o que pode ter um impacto significativo na saúde física e mental.

A falta de sono adequada afeta a capacidade de concentração e aprendizado, pois o sono REM, responsável por reforçar as conexões neuronais, é perdido. Estudos demonstram que adolescentes que dormem um intervalo de 8 horas entre o aprendizado e a memorização podem melhorar sua capacidade de reter o que aprenderam em 20% a 40%.

Além disso, a privação do sono aumenta a vulnerabilidade a doenças como depressão, ansiedade, diabetes, câncer, ataque cardíaco e acidente vascular cerebral, além de afetar o humor.

Os Benefícios de um Horário Mais Adequado

Ao adiar a hora de entrada na escola, os alunos podem continuar indo dormir no mesmo horário, mas acordam mais tarde, dedicando cerca de 80% do tempo extra para dormir. Isso reduz a sonolência diurna, o consumo de cafeína, os atrasos e a dificuldade em permanecer acordado, além de melhorar a qualidade do sono, a satisfação com a vida e combater o mal-estar psicológico.

Pesquisas sugerem que quanto maior o tempo adicional de sono, melhor é a qualidade do sono, o funcionamento diurno e o bem-estar subjetivo.

O adiamento no horário de entrada na escola também reduziria a dessincronização dos alunos mais noturnos, aliviando a diferença observada. Deixar os jovens dormirem o que precisam e quando precisam é, em definitiva, respeitar o seu direito de fazer as coisas.