Vinicius Boldrini revela: novos cuidados são indispensáveis com a imagem na internet, à medida que treinos viram conteúdo digital.
O setor de academias está passando por uma profunda transformação, impulsionada pela digitalização e pela crescente importância da reputação. Essa nova realidade exige que o departamento jurídico deixe de ser apenas responsável pela gestão de contratos e passivos, para se tornar um parceiro estratégico na proteção da marca, na experiência do aluno e na governança digital.
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Cada treino pode se tornar conteúdo, cada post pode gerar engajamento e, consequentemente, riscos.
A presença digital fortalece o negócio, mas também exige que academias e profissionais adotem práticas jurídicas modernas, alinhadas às estratégias de marketing. O setor fitness brasileiro, um dos mais dinâmicos e profissionalizados do mundo, demonstra avanços significativos em gestão, segurança e relacionamento com o aluno.
No entanto, o crescimento da exposição digital acarreta novos cuidados, especialmente no uso da imagem em redes sociais.
O treino evoluiu para além da prática física, tornando-se também conteúdo. Um exercício registrado por um celular pode ser transformado em vídeo nas redes sociais, impulsionado por hashtags motivacionais e utilizado como vitrine de resultados. Essa estratégia aproxima alunos e professores, gera engajamento e contribui para a identidade de marca das academias.
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Contudo, o mesmo post que inspira pode expor, devido ao uso da imagem de alunos em publicações feitas por academias ou seus parceiros, um tema jurídico sensível, ligado ao direito da personalidade, proteção de dados e responsabilidade contratual.
Com o avanço da LGPD e o fortalecimento da cultura de compliance, a exigência de consentimento informado, formal e específico para o uso de imagem aumenta. A autorização não pode ser presumida ou genérica; deve ser clara, documentada e restrita à finalidade declarada.
Muitas academias já incorporam cláusulas contratuais prevendo o uso de imagem, um avanço importante na gestão preventiva. No entanto, algumas dessas cláusulas são genéricas ou mal redigidas, sem especificar o contexto de uso ou as plataformas de divulgação.
O problema não reside na exposição em si, mas na falta de clareza sobre quem autoriza, com que finalidade e por quanto tempo a imagem pode ser utilizada. Mesmo quando há boa-fé, a ausência de registro formal abre margem para alegações de violação de direitos de imagem e para riscos reputacionais tanto para o profissional quanto para a academia.
A solução é criar procedimentos padronizados de autorização e orientar os profissionais sobre os limites legais e contratuais do uso de imagem, protegendo a academia, o professor e, principalmente, a relação de confiança com o aluno.
Proteger a reputação de uma academia vai além de boas campanhas de marketing. Envolve consolidar uma governança jurídica adaptada à realidade digital, capaz de antecipar riscos e orientar o comportamento de quem representa a marca nas redes. O tema já é tratado com seriedade por muitos gestores e departamentos jurídicos, mas requer atualização constante.
O uso de imagem, assim como qualquer dado pessoal, está sujeito a reinterpretações legais, mudanças regulatórias e novas sensibilidades sociais. Nesse contexto, o jurídico assume papel de liderança: traduz normas em orientações simples, cria fluxos de autorização eficientes e garante que o respeito ao aluno seja percebido como valor institucional e não apenas como obrigação legal.
Investir em governança, contratos bem estruturados e capacitação de equipes transforma conformidade em reputação e prevenção em valor de marca. A maturidade jurídica do setor fitness é visível, com academias revisando contratos, padronizando autorizações e reforçando políticas de conduta digital.
Essa postura protege direitos, evita desgastes e consolida uma cultura de confiança, traduzindo boas intenções em práticas consistentes que protegem a marca, fortalecem o negócio e posicionam o setor como referência de profissionalismo, ética e sustentabilidade.
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