A Confederação Brasileira dos Trabalhadores da Pesca e Aquicultura (CBPA) obteve aproximadamente R$ 100 milhões através de descontos associativos nos vencimentos de aposentados e pensionistas do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Os dados foram revelados pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), conforme detalhado em um Relatório de Inteligência Financeira (RIF) e documento de quebra de sigilo bancário e fiscal, ambos obtidos pelo Poder360.
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A arrecadação foi formalizada por meio de um Acordo de Cooperação Técnica (ACT) entre a CBPA e o INSS, abrangendo o período de dezembro de 2023 até maio de 2025. A movimentação financeira foi considerada “incompatível” com o patrimônio e a capacidade financeira da confederação pelo Coaf, sendo descrita como “atípica e suspeita” em uma perspectiva macro.
Investigação Parlamentar e Bloqueio de Bens
O presidente da CBPA, Abraão Lincoln Ferreira da Cruz, será ouvido na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga desvios no INSS na segunda-feira, 3 de novembro de 2025. A pedido da Advocacia-Geral da União (AGU), os bens de Abraão Lincoln e da própria CBPA foram bloqueados.
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Abraão Lincoln é atualmente suplente de deputado estadual no Rio Grande do Norte, filiado ao Republicanos. Em 2015, foi preso pela Polícia Federal por venda ilegal de permissões para pesca industrial.
Informações sobre a CBPA
A CBPA foi fundada no início de 2020. Segundo o site da organização, a confederação possui mais de 1 milhão de filiados e está presente em 21 Estados. A CBPA presta serviços para pescadores artesanais e aposentados, incluindo capacitação profissional, acesso a crédito, tratamentos por telemedicina e auxílio-funeral no valor de R$ 5.000.
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A CBPA reitera seu apoio às instituições de controle brasileiras, que buscam proteger os aposentados de práticas fraudulentas com as quais não compactua e as quais condena veementemente.
Transferências e Envolvimento de Empresas
Em um ano, a entidade associativa transferiu cerca de R$ 5 milhões para a Prospect Consultoria e R$ 1,7 milhão à Acca Consultoria, empresas pertencentes a Antônio Carlos Camilo Antunes – conhecido como “Careca do INSS”. O empresário é apontado pelas investigações como uma peça-chave do esquema de desvios no pagamento de aposentadorias do INSS.
As companhias seriam, segundo a Polícia Federal, intermediárias no organograma de fraudes.
Outras entidades como a Ambec, AP Brasil, Cebasp e Unaspub também foram identificadas pela PF por terem ligação com a firma de Antunes, que nega ilegalidades. São estimados R$ 31 milhões desviados desde 2022.
