A lição do julgamento: o fascismo ainda não foi vencido
Não é viável combater o fascismo por meio de uma única decisão de um único tribunal.

O julgamento e a condenação das lideranças golpistas em 2025 representam uma importante lição num país que, até então, não havia levado à justiça aqueles que atentaram contra a ordem democrática com o objetivo de instaurar um regime de exceção. Até o julgamento, políticos de viés autoritário acreditavam ser possível manifestar heresias contra a ordem constitucional, sob a proteção da liberdade de expressão, como fez o ex-presidente e seus correligionários. O ex-presidente agrediu, ameaçou e ofendeu os poderes da República, atuando contra o parlamento e o Judiciário ao longo de seu governo. Como chefe de governo, tentou se apropriar de bens públicos e suas ações levaram à morte de milhares de pessoas durante a pandemia da Covid-19, ao não se vacinar e incentivar a transmissão do vírus. Além disso, atacou a imprensa, mulheres, crianças, negros, idosos, nordestinos e indígenas. Não se comportou com dignidade diante do cargo que ocupava, ofendeu nações amigas e não respeitou a Constituição. Mais de cem pedidos de impeachment contra ele foram apresentados, mas não foram levados adiante devido à necessidade da classe dominante de reprimir a classe trabalhadora e os movimentos progressistas para implementar políticas neoliberais, iniciadas com o afastamento da ex-presidente Dilma Rousseff, que resultaram na retirada de direitos trabalhistas e sociais.
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
É fundamental entender que, no processo de redemocratização, a Constituição de 1987/1988 buscava evitar a sobreposição de poderes para impedir o que ocorreu entre 1964 e 1985, quando o Executivo prendia, demitia, censurava e desaparecia pessoas. Por isso, o Brasil é uma República Federativa, composta pela união dos estados, municípios e Distrito Federal, constituída como um Estado democrático de direito, com os poderes da República independentes e harmônicos.
O julgamento do ex-presidente ocorreu por tentativa de abolição do Estado democrático de direito. A lição mais importante é que o fascismo não foi vencido no Brasil, e o voto divergente pode reanimar forças que atacam a Constituição. O combate ao fascismo é essencial para o desenvolvimento do país, através da utilização das mídias sociais para combater a desinformação e a manipulação.
Fonte por: Brasil de Fato
Leia também:

Execução brutal em Porto Alegre demonstra fragilidades do sistema carcerário

A mensagem da Terra, de Pedro Tierra

Maria Rita: uma trajetória de luta, educação popular e transformação social
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE