Bugio é macaco, é ritmo musical, é dança e, atualmente, é patrimônio cultural imaterial do Rio Grande do Sul. Na terça-feira (12), o Bugio foi oficialmente reconhecido em cerimônia realizada no Multipalco Eva Sopher, organizada pelo Iphae.
O evento reuniu tradicionalistas das cidades serranas de São Francisco de Assis e São Francisco de Paula, local onde o gênero musical se originou. Os municípios promovem festivais exclusivos para as músicas Querência do Bugio e Ronco do Bugio.
A gênese do ritmo se deve aos tropeiros do século XIX, que reproduziam o som do bugio em suas gaitas de fole. Contudo, o gênero musical apresenta outras características, incorporando também elementos da cultura indígena da etnia Guarani. O pesquisador e luthier de acordeão Israel Da Sois Sgarbi, de São Francisco de Paula, autor do livro O ritmo musical do bugio, explica que os tropeiros e os indígenas se comunicavam amplamente por mímica em seus acampamentos, frequentemente próximos de matas com bugios.
Nos encontros, com celebrações e danças, empregava-se um tipo de chocalho de taquara para marcar o ritmo, o takuapu, normalmente utilizado pelas mulheres. Este teria sido o primeiro compasso do bugio. Posteriormente, os tropeiros incorporaram o acordeão, o violão e a rebeca. O takuapu é feito de um tubo oco de bambu usado em cantos, danças e também em rituais.
A dança do bugio imita os movimentos do primata. É semelhante à Vanera, porém consiste em dois passos, um salto e mais dois passos, de forma ágil. Na década de 1950, os irmãos Bertussi gravaram em um estúdio do Rio de Janeiro o primeiro disco com o novo ritmo, Casamento da Doralice.
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A celebração do Bugio como patrimônio cultural imaterial gaúcho ocorre em consonância com o Dia Estadual do Patrimônio Cultural, sempre no terceiro fim de semana de agosto. No dia 15, sexta-feira, às 19h, o ponto alto das comemorações será o badalo simultâneo de sinos de igrejas e tambores de terreiros em diversos municípios, incluindo Porto Alegre.
A Casa de Cultura Mario Quintana, no Centro Histórico de Porto Alegre, receberá a apresentação de um coro com 150 vozes, distribuídas pelas janelas, passarelas e sacadas da instituição, que entoará músicas populares do Rio Grande do Sul. O grupo é composto por integrantes de 27 coros associados à Federação de Coros do RS (Fecors), sob a regência do maestro Eduardo Alves.
Bugio, primata americano.
O bugio também é conhecido como macaco-ruivo, guariba e barbado. É um Aloutta, gênero de primata nativo das Américas. A espécie possui uma ampla distribuição geográfica, desde o México até o norte da Argentina. São animais de porte relativamente grande e de dieta predominantemente herbívora, ou seja, consomem basicamente folhas, mas também podem consumir frutas e ovos. Habitam-se em grupos de até 18 indivíduos, com um macho dominante e muitas fêmeas.
Os machos produzem uivos intensos e profundos, utilizados para delimitar áreas territoriais, indicar a posição do grupo e definir relações hierárquicas. As fêmeas também vocalizam, porém seus sons são mais brandos. O ronco do bugio pode ser ouvido a longas distâncias.
Fonte por: Brasil de Fato