Disputas comerciais evidenciam caminhos econômicos distintos entre duas grandes economias.
Enquanto o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, impõe tarifas elevadas ao Brasil, a economia brasileira segue em outra direção, com indicadores em melhoria que contrastam com a desaceleração nos Estados Unidos. Nos EUA, a inflação e o desemprego têm aumentado; no Brasil, a taxa de desemprego atingiu um nível recorde e os preços dos bens e serviços estão em queda.
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No final do primeiro trimestre deste ano, a agência oficial de estatísticas do Brasil, o IBGE, divulgou que apenas 5,8% dos trabalhadores estavam desempregados, a menor taxa já registrada e a primeira vez que caiu abaixo de 6%. Em junho, o índice de preço ao consumidor (IPC) do país subiu apenas 0,24%, mantendo a tendência de queda iniciada em fevereiro.
Nos Estados Unidos, a economia adicionou apenas 35.500 empregos por mês no trimestre que encerrou-se em julho, excluindo atividades agrícolas, de acordo com o Federal Reserve (FED), representando o resultado mais fraco desde a pandemia de 2020. A inflação naquele país subiu de 0,1% para 0,3% entre maio e junho, logo após Trump anunciar tarifas sobre quase todas as mercadorias importadas.
Em julho, o presidente dos EUA impôs uma tarifa adicional de 50% sobre as exportações brasileiras, exceto para 694 produtos, em retaliação por acusações criminais contra o ex-presidente Jair Bolsonaro. Até o momento, a economia brasileira não sentiu o impacto, mas efeitos negativos já são visíveis nos Estados Unidos.
Os economistas José Luis Oreiro e Eric Gil Dantas destacam a “trajetória divergente”: a inflação no Brasil está caindo e o desemprego está em queda, enquanto nos Estados Unidos ambos os indicadores estão piorando. “A economia brasileira está em seu auge”, disse Dantas. “Temos o menor desemprego da história e a maior renda da população, mostrando que a vida das pessoas está melhorando.”
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Especialistas ressaltam que, estruturalmente, a economia dos EUA permanece mais desenvolvida, com menor desemprego e maiores salários, mas reconhecem que, neste momento, ela está perdendo ímpeto. “Não se trata de que os números absolutos do Brasil são melhores, mas sim da tendência que se destaca”, explicou o economista Mauricio Weiss.
Os Estados Unidos também enfrentam a desindustrialização de longo prazo, segundo Weslley Cantelmo do Instituto de Economias e Planejamento. A política tarifária de Trump visava trazer a produção de volta para casa, mas até o momento tem principalmente alimentado a inflação. O economista Roberto Goulart Menezes acrescenta que o plano de impulsionar a receita por meio de barreiras comerciais também falhou, já que o déficit público dos EUA continua a crescer.
No Brasil, ao contrário, o investimento público cresceu em paralelo com a diminuição do déficit. O economista Pedro Faria atribui isso à tributação dos mais ricos e ao apoio aos mais pobres, impulsionando a demanda interna. “A renda mínima gera forte demanda porque distribui renda para aqueles que mais provavelmente a gastam. Isso cria um impulso real para a economia”, disse Weiss.
Fonte por: Brasil de Fato
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