A culinária germânica, que abrange a gastronomia da Alemanha, Áustria e de outras regiões de influência cultural similar, é caracterizada pela rusticidade, pelo emprego de ingredientes básicos e por métodos tradicionais de preparo e conservação. Sua história está intimamente ligada ao clima severo da Europa Central, onde os longos invernos demandavam alimentos ricos em calorias, com longa duração e alta nutrição. Dessa forma, a carne de porco, cordeiro e aves, batatas, chucrute, embutidos, cereais e pães escuros constituíram a base da alimentação.
Os cozidos, como o Eintopf (ensopado de legumes, carne e grãos), eram comuns devido à sua praticidade e valor nutricional. Assados de carne, notadamente o Schweinshaxe (joelho de porco assado), se tornaram populares em ocasiões festivas. Já no âmbito dos doces, a tradição é rica: desde o Apfelstrudel austríaco até o Schwarzwälder Kirschtorte (a famosa Torta Floresta Negra alemã).
A imigração alemã para o Brasil teve início em 1824, sobretudo no Rio Grande do Sul, expandindo-se posteriormente para Santa Catarina, Paraná e Espírito Santo. Esses imigrantes introduziram tradições que influenciaram significativamente a cultura brasileira, incluindo os hábitos alimentares acumulados ao longo de séculos. A culinária germânica se manifestou localmente por meio de adaptações de receitas tradicionais, como chucrute, joelho de porco, salsichas e embutidos, além de doces como strudel e cucas, que ganharam popularidade no Brasil. O pão, a cerveja artesanal e o costume de refeições fartas, em família ou em celebrações comunitárias, também se tornaram características marcantes da presença alemã, impactando ainda hoje a gastronomia do Sul do país. Os imigrantes alemães preferiam a cerveja como bebida para suas refeições, mas o vinho, gradualmente, passou a compartilhar essa preferência ao lado da cerveja.
A combinação de pratos alemães e austríacos representa um desafio notável. A culinária é caracterizada por sabores marcantes, defumados, ácidos e gordurosos. O chucrute oferece acidez intensa; as carnes cozidas e os embutidos são ricos em gordura; enquanto os doces frequentemente contêm grandes quantidades de açúcar e especiarias. A dificuldade reside no equilíbrio: vinhos muito tânicos podem realçar o sal e a gordura, vinhos leves podem ser dominados pela intensidade dos pratos, e vinhos doces exigem seleção cuidadosa para evitar o excesso de açúcar na harmonização. Tradicionalmente, a escola germânica valoriza vinhos brancos – especialmente Riesling, Gewürztraminer e Grüner Veltliner –, que proporcionam acidez e frescor para equilibrar a gordura, além de aromas florais e frutados que complementam especiarias e fermentados. No entanto, uvas tintas germânicas também são apreciadas pelos alemães.
Fonte por: Jovem Pan