A ausência de vagas em abrigos para crianças em SP é consequência de “desmonte da política pública”, afirma gerente de serviço
Oliveira destaca diversos elementos que contribuem para a crise, incluindo a falta de investimento e a utilização inadequada do atendimento em instituiç…

A crise na rede de acolhimento institucional para crianças e adolescentes em São Paulo tem diversas origens, sendo o principal fator o “desmonte da política pública” e o “baixo investimento no serviço”, conforme aponta Caíque Oliveira, gerente do Serviço de Acolhimento Institucional para Crianças e Adolescentes (Saica) Crescer.
A Procuradoria-Geral de Justiça de São Paulo denunciou a insuficiência de leitos nos Serviços de Acolhimento Institucional para Crianças e Adolescentes (Saicas), que atendem temporariamente pessoas de 0 a 17 anos em estado de abandono ou risco pessoal e social. A promotoria ingressou com ação civil contra a prefeitura, embora a gestão Ricardo Nunes (MDB) declare não ter sido notificada.
“Estamos vivenciando um cenário bastante problemático em relação às disposições de vaga dentro do município de São Paulo”, afirma Oliveira, em entrevista ao Conexão BdF, da Rádio Brasil de Fato. Ele aponta seis fatores para a crise: a alta demanda de acolhimentos, a falta de investimento, a demora na abertura de novas unidades, a dificuldade de encontrar imóveis adequados, os obstáculos para ONGs assumirem a gestão dos espaços e a rotatividade de profissionais causada por baixos salários.
Segundo o gerente, o valor diário destinado à alimentação é de R$ 13,90 por criança. Cada unidade atende, em média, 15 crianças e adolescentes. Ele denuncia que a prefeitura da capital paulista não repassa o histórico salarial da categoria há dois anos, o que, em sua avaliação, desestimula a permanência de trabalhadores no setor. “Não são salários atrativos. É um trabalho completamente desafiador e, a longo prazo, vai colocando esse profissional em uma vulnerabilidade, principalmente nos quesitos de adoecimento mental”, lamenta.
Oliveira considera que famílias vulneráveis estão sendo separadas por acolhimentos que poderiam ser evitados. “A pobreza não justifica acolhimento institucional, mas temos vindo tendo bastante acolhimento por parte do Conselho Tutelar atendendo famílias vulneráveis”, indica. Ele defende que, em muitos casos, a rede básica e benefícios públicos poderiam evitar a medida, mas aponta que esse trabalho prévio de articulação e suporte é algo que não está acontecendo na cidade.
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Fonte por: Brasil de Fato