O diretor-geral da 99Food no Brasil, Simeng Wang, anunciou um investimento de R$ 2 bilhões que será utilizado, entre outras aplicações, para a construção de pontos de apoio para os entregadores. O investimento foi anunciado após uma reunião entre o presidente Lula (PT), Will Wei Cheng, o CEO da empresa chinesa DiDi Global Inc, que controla a 99, e Simeng Wang, no Palácio do Planalto, em Brasília, nesta segunda-feira (15).

Os trabalhadores do aplicativo necessitam que o investimento seja acompanhado de estratégias e diálogo com a categoria, para que sejam implementadas medidas concretas, como melhores condições de trabalho, áreas de descanso, seguro de vida e programas de capacitação e apoio à saúde mental. Atualmente, aproximadamente 700 mil motociclistas estão registrados na plataforma.

O investimento pode ser relevante sempre que houver um direcionamento adequado. Isso significa que deve ser utilizado não apenas para fortalecer o país, mas também para beneficiar os trabalhadores, afirma Jr. Freitas, da Aliança Nacional dos Entregadores de Aplicativos (Anea) em São Paulo e do Movimento Trabalhadores Sem Direitos. Ele espera um grupo consultivo com os trabalhadores para que seja possível direcionar uma parcela significativa do dinheiro para eles, pois quem realmente conhece os problemas cotidianos é o trabalhador.

O entregador também considera com desconfiança o anúncio, pois o governo e a empresa não convidaram representantes dos trabalhadores para a reunião. “A gente vê com desconfiança, porque até o momento a empresa se reuniu com o governo, mas não chamou nenhum trabalhador para dialogar sobre isso. A gente fica chateado quando isso acontece, porque parece que as decisões estão sendo tomadas de cima para baixo, quando, na verdade, a parte mais importante está aqui na base”.

“Não se pode receber o dinheiro e investir no país, permitindo que o governo tome suas próprias decisões, pois não se sabe exatamente como será utilizado. Estaremos atentos a esse investimento. Se a empresa e o governo ignorarem os trabalhadores, estes serão obrigados a se movimentar”, conclui Freitas.

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Alessandro Conceição Calado, Associação de Motofrentistas e Entregadores Autônomos do Distrito Federal e Entorno (AMAE-DF), também demonstra ceticismo em relação ao anúncio. “O 99Food saiu do Brasil e agora está retornando buscando recuperar espaço no mercado. Não vemos com bons olhos esse investimento, pois já enfrentamos muitos problemas com a plataforma”, afirma o representante.

A 99Food havia encerrado suas atividades no Brasil no início de 2023, em decorrência da intensa concorrência no setor.

As empresas poderiam investir, valorizando cada entregador e pagando o que realmente merecemos. As empresas de aplicativo têm um único objetivo, que é o lucro delas. Inicialmente, fazem grandes investimentos, mas depois tudo começa de novo [as más condições de trabalho].

Segundo a diretora-geral da 99Food no Brasil, Simeng Wang, cerca de R$ 50 milhões devem ser investidos na criação de áreas de descanso para os entregadores das capitais do país.

Com o investimento de R$ 2 bilhões, visamos proporcionar mais dignidade aos nossos parceiros entregadores, oferecendo locais de apoio para descanso, hidratação e uso de sanitários. R$ 50 milhões serão aplicados na criação de pontos de apoio em todo o Brasil, conforme destacou Simeng Wang.

A empresa visa expansão, com o objetivo de alcançar 15 cidades até o final de 2025 e 20 cidades até janeiro de 2026.

A empresa também lançou um pacote de R$ 6 bilhões destinado a crédito, aluguel e eletromobilidade. O programa contempla financiamento e aluguel de motos e bicicletas elétricas em colaboração com Galgo, Riba, Bebike, Bliv e Vammo.

A 99 estabeleceu parceria com a Yadea para desenvolver veículos elétricos sob medida para transporte e entrega, diminuindo as emissões de carbono e os custos de abastecimento e manutenção em até 60%. “Teremos parceria, estamos com parceiros que já trabalham com a gente no México e Colômbia e são especializados em oferecer crédito para esse público”, afirmou o empresário.

Fonte por: Brasil de Fato